Quando o hábito de roer unhas se torna preocupante? Existem tratamentos para onicofagia?
A onicofagia é o termo médico utilizado para nomear o hábito de roer as unhas, tão comum em nossa sociedade, mas que poucos conhecem a fundo. O hábito surge geralmente aos quatro ou cinco anos de idade, quando as crianças estão no início da fase escolar e se deparam com um universo totalmente novo para explorar, nessa época elas sofrem mudanças emocionais e sociais.
A psicóloga infantil Luciene Facco, explica porque as crianças começam a roer as unhas. “Se uma criança roe unhas é porque algo está a lhe provocar uma instabilidade que ela não consegue manifestar de outra maneira, como ciúmes de um irmão, pai ou mãe ausente, problemas de aprendizagem, pais controladores, ou crianças hiperativas, ansiosas e, por vezes, autoritárias”.
Guilherme Michelato tem 19 anos, e não se lembra exatamente quando começou a roer as unhas, só sabe que faz muito tempo. Ele se considera bastante ansioso e tímido.
Luciene Facco comenta que este hábito é, muitas vezes, de fundo emocional. “Este é um sinal de que alguma coisa na vida daquela pessoa esta causando ansiedade, angústia ou nervosismo. As causas desse hábito são de fundo emocional, no entanto, pode ocorrer devido à tendência familiar por ato de imitação.”
Ramon Barzon, roe unhas desde os quatro anos de idade. Hoje com 21 anos, percebe que quando está nervoso ou ansioso involuntariamente roe mais as unhas. “Meu tio também tem o hábito, e justamente na época em que comecei a roer, tinha muito contato com ele”, conta.
Este hábito também pode dar início na adolescência, um momento de intensa mudança psicológica, que leva 44% dos jovens a roer as unhas neste período. Este número costuma diminuir na faixa dos 16 anos, e apresenta aumento na faixa etária dos 4 aos 18 anos.
Cesar Simões é clinico geral, e alerta sobre os danos que a onicofagia causa à saúde. “Pode trazer sérios problemas, pois veicula germes localizados abaixo da unha para a cavidade bucal”.
Tratamento
O médico explica que problemas compulsivos, que causam sangramento ou mesmo inflamações persistentes, podendo até mesmo atrapalhar as atividades manuais do dia a dia, como escrever, dirigir ou tocar um instrumento musical, são casos considerados graves que precisam de um tratamento imediato.
Cesar Simões, alerta que o primeiro profissional a ser procurado é o clínico geral, depois o cliente pode ser encaminhado a um dermatologista ou um psicólogo.
Não é comum que as pessoas procurem um especialista para tratar especificamente da onicofagia, isso normalmente é observado ao decorrer das consultas, e, assim, indicado um tratamento. Nos cacos mais graves pode ser encaminhado ao psiquiatra, que devera indicar remédios, como atidepressivos.
A psicóloga Luciene Facco nos conta como é feito o tratamento. “Na psicologia infantil através de desenhos e jogos que ajudam a exprimir o próprio mal estar e a liberar a criança da ansiedade, fazendo com que ela se sinta bem com ela própria, no caso adulto é necessário recorrer a um especialista conforme sua personalidade, podendo ser um psicoterapeuta”.
Ramon Barzon conta que já tentou parar de roer as unhas. “Quando eu tinha uns 12 anos, minha mãe comprou aquelas bases com pimenta para eu passar nas unhas”.
A psicóloga explica que o uso de receitas caseiras, como substâncias amargas, nunca devem ser aplicadas, pois pode causar maior ansiedade e aumentar o hábito. Acrescenta que os pais devem estar atentos, principalmente com os adolescentes, para que não substituam o hábito de roer as unhas por outros, como beber, fumar, ou comer em excesso. Ou seja, a intensidade do hábito deve ser observada para que a pessoa seja encaminhada a área da saúde para uma avaliação criteriosa.